sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A Ideologia Delirante de Ernesto Araujo

Há 6 anos, Donald Trump usava a sua rede social favorita, o Twitter, para expor toda sua ignorância a respeito da questão climática, ao afirmar que "o conceito do aquecimento global" teria sido "criado pelos chineses" para prejudicar a economia dos EUA. Naquele momento, mal imaginávamos que ele chegaria à presidência dos EUA e, coerente com esse ponto de vista bizarro, retiraria seu país do acordo global sobre o clima celebrado em Paris, em 2015. Muito menos imaginaríamos, porém, que dois anos depois seria a vez do Brasil de não apenas eleger um presidente de extrema-direita como que esse presidente eleito anunciaria um negacionista climático para as Relações Exteriores do Brasil.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A "Prosperidade" como Inimiga do Clima

A casa do Sr. Carbono
Senhor Carbono tem uma casa grande, climatizada, com espaço para aquele churrascão com uísque. Carrão na garagem, trocado com frequência (três anos é carro velho, certo?). Férias todo ano na Disney ou na Europa ou em algum destino "exótico". Roupas usadas quase nunca, sapatos "para cada ocasião", celular novo, computador novo. Compra o que vê pela frente, usa uma vez e encosta, quebra e descarta, compra de novo, mais e mais rápido. É um padrão de vida alcançado apenas por alguns, mas almejado por muitos. Mas esse sonho de ascensão social virou um pesadelo para o planeta. E neste texto, mostraremos porquê.

sábado, 23 de junho de 2018

3 Décadas de Inoperância que Podem Custar a Civilização

James Hansen, um dos pioneiros dos estudos de mudanças
climáticas, prestando depoimento ao Congresso dos EUA há
30 anos. De lá para cá, as condições se agravaram de maneira
bastante acelerada.
Há exatos 30 anos, em 23 de Junho de 1988, um dos principais cientistas da NASA, o Dr. James Hansen, era chamado a depor no Congresso dos EUA sobre a questão climática. Anos mais tarde, numa palestra, diante de uma plateia surpreendida por um slide em que ele mostrava uma foto sua, algemado diante da Casa Branca num protesto promovido por entidades ambientalistas, ele proferia a frase que dá nome ao nosso blog. Sim, ele acreditava que se as pessoas soubessem da gravidade da questão climática elas iriam se mobilizar com todas as suas forças, indo às ruas, pressionando governos e parlamentos, passando por cima até mesmo da possibilidade de serem presas.

sábado, 16 de junho de 2018

O Capital quer lucrar duas vezes ao declarar guerra ao clima. E nós?

Aleppo, Síria. Na lógica do capital, existe "oportunidade" de
lucrar duas vezes com a guerra. A cada prédio destruído, a
cada prédio reconstruído.
Nas contas do capitalismo, as guerras são duplamente lucrativas. A indústria armamentista, uma das maiores, mais poderosas e com um lobby eficiente ao extremo, impõe que bombardeiros, tanques, navios e submarinos de guerra sejam mobilizados e as munições, bombas, mísseis, etc. sejam despejados onde for possível. É assim, afinal, que justificam que novos e mais poderosos equipamentos de guerra sejam desenvolvidos (e comprados pelos Estados-nação) e que os "estoques" sejam repostos, garantindo-lhes lucros astronômicos. Em seguida, e isso sempre entra na contabilidade perversa de cada bombardeio, vem as empreiteiras, construtoras, empresas de engenharia dos mais diversos campos dando conta de "reparar o dano", "reconstruindo" estradas, pontes, edifícios, hospitais, infraestrutura de energia e água, etc. e, óbvio, faturando muito com isso! Importante frisar, tudo isso, da bomba lançada ao prédio reconstruído, entra no cálculo do PIB... Agora imagine se o Capitalismo declarar guerra ao sistema climático terrestre...

terça-feira, 3 de abril de 2018

O ninho do Antropoceno e os ovos do fascismo

20 dias após a execução brutal de Marielle Franco, a ferida aberta na sociedade brasileira se recusa a fechar. Pelo contrário, sangra mais e mais. E a deterioração da situação política no País não para de se agravar, com ataque a tiros à caravana de Lula no Sul, com um general da reserva chantageando abertamente o STF e o país inteiro, com ameaça de golpe militar a depender do posicionamento da corte, com um bufão com posições abertamente fascistas despertando simpatia de 1/5 ou mais do eleitorado. Neste cenário, mesmo pessoas próximas, sensíveis às ditas "causas ambientais" ou à "pauta ecossocialista" questionam "como falar de mudanças climáticas em tais condições?" ou "não seria o caso de deixar um pouco de lado essas bandeiras ambientais?" ou, pior, se colocam aberta ou veladamente na linha de considerar tudo isso como algo "secundário", senão a priori, pelo menos na atual conjuntura. Mas será que essa linha de raciocínio está correta?

sexta-feira, 9 de março de 2018

Aquecimento Global como Argumento para Privatizar a Petrobrás: Sobre a lógica às avessas de Elena Landau

Apelidada de "rainha das privatizações", Elena
Landau não nega o aquecimento global. Apenas
defende uma política econômica que o agravará!
No dia de ontem, Elena Landau, economista, publicou um texto de opinião no Estadão, em que defende a privatização da Petrobrás. Até aqui, nenhuma surpresa, evidentemente, afinal ela já havia trabalhado na administração de Fernando Henrique Cardoso, na condição de diretora do BNDES, justamente no programa de privatização de estatais. A preferência por uma agenda neoliberal, de "Estado mínimo", por parte de Landau, não é de hoje. A novidade fica pelo fato de que ela tenta usar o aquecimento global como um argumento a mais para a defesa da venda da companhia de petróleo ao capital privado. Mas... será que isso faz sentido?

quarta-feira, 7 de março de 2018

A Ficha Vai Ter de Cair

O famoso "cartoon" de Laerte: mais atual do que nunca!
Publicação desta semana na Nature aponta ainda mais nitidamente para uma dura realidade. Os cenários para 1,5°C demandam: abandono rápido das fontes fósseis, remoção de CO2 atmosférico *E*, pelo menos contenção do crescimento da demanda energética, o que inevitavelmente impõe "mudanças nos padrões de consumo".

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Clive Hamilton no Guardian: "O grande silêncio climático: estamos no limite do abismo, mas ignoramos"

"Como podemos entender o miserável fracasso do pensamento
 contemporâneo em enfrentar o que agora nos confronta?"
 Fotografia: Piyal Adhikary / EPA

O grande silêncio climático: estamos no limite do abismo, mas ignoramos

Clive Hamilton

Continuamos planejando o futuro como se os cientistas do clima não existissem. A maior vergonha é a ausência de um sentimento de tragédia. 

Após cerca de 200 mil anos da existência dos humanos modernos em uma Terra de 4,5 bilhões de anos, chegamos a um novo ponto da história: o Antropoceno. A mudança veio sobre nós com velocidade desorientadora. É o tipo de mudança que geralmente leva duas, três ou quatro gerações para ser assimilada.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

A Bioenergia com Captura de Carbono (BECCS) poderá nos salvar?

A ideia de que existe uma saída tecnológica "mágica" na
cartola ou na manga para a crise climática é ilusória. Mas
há setores que apostam nessa ilusão para continuarem na
lógica do lucro hoje (com os combustíveis fósseis) e no
futuro próximo (seja com BECCS ou geoengenharia).
Uma sigla que já está presente nos debates sobre a crise climática e que possivelmente deverá chegar à arena pública em algum momento é BECCS (Bioenergia com Captura de Carbono). Trata-se de uma promessa de futura tecnologia de mitigação, casando a geração de energia com a captura e armazenamento de carbono (CCS). A ideia é que biomassa e biocombustíveis seriam utilizadas na indústria e em usinas de energia dotadas de equipamentos para realizarem o sequestro de CO₂ (injeção do mesmo em formações geológicas ou fixação química). Gerar energia não só sem emitir CO₂ mas retirando-o da atmosfera parece ser a salvação do planeta. Aviso de Spoiler: mesmo que a tecnologia já existisse, só parece...

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Cadê o aquecimento global? Parte I - Frio nos EUA

Para sermos mais precisos, se a esmagadora maioria de especia-
listas em clima nas universidades e institutos de pesquisa ou
meia dúzia de pessoas mal informadas ou com extrema má fé...
"E esse frio todo?" é uma pergunta usada de maneira recorrente, explícita ou implicitamente para questionar as mudanças climáticas, seja ela referente a dias muito frios em sequência no Sul e Sudeste do Brasil seja na costa leste dos EUA. Incautos e militantes do negacionismo adoram fazer distorções em tornos desses eventos (e outros como neve no Saara e até granizo no sertão), não sem uma confusão completa entre tempo e clima, para provocar confusão na opinião pública. É algo inclusive praticado por jornalistas sem compromisso com a informação como Alexandre Garcia (que recebeu resposta minha à altura no twitter) e por políticos não apenas de direita (como o filho de Bolsonaro) mas também de esquerda como Aldo Rebelo. Este é o primeiro de uma série de artigos sobre esse tópico com o objetivo precisamente de separar o joio do trigo e contribuir não apenas para desfazer a confusão entre tempo e clima relacionada a esses eventos, mas também para trazer informações sobre a formação de eventos extremos dessa natureza.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Brasil na contramão: enquanto a temperatura sobe, a broca de perfuração desce.

(Adaptação de artigo publicado na NACLA/Report of the Americas)
Link para o original: http://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/10714839.2017.1409018

Artigo publicado na revista NACLA
(Report of the Americas)
A ciência é nítida: o clima está aquecendo como resultado da acumulação de gases de efeito estufa na atmosfera, em particular o dióxido de carbono, mas também o metano, o óxido nitroso e os halocarbonetos. A fonte desse desequilíbrio químico é, em geral, antrópica, especialmente devido ao consumo e uso de combustíveis fósseis, como o carvão, o petróleo e o gás natural. O grande volume de evidências sobre o aquecimento global vem de um conjunto abrangente de observações, incluindo não apenas medidas da temperatura da superfície, mas também medições do ar superior e estimativas do satélite. Estas evidências são altamente consistente com as observações de outros fatores do sistema climático, incluindo o aumento do nível do mar, a perda de gelo marinho e o recuo das geleiras, a acumulação de calor e a acidificação nos oceanos mundiais e mudanças em uma grande quantidade de ciclos biogeoquímicos complexos. Os recordes consecutivos de temperaturas da superfície média global em 2014, 2015 e 2016 não são, portanto, coincidências. E 2017, mesmo sem El Niño, encerrou essencialmente empatado com 2015, apenas um décimo de grau abaixo de 2016.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Guardian: Nova York desinveste dos combustíveis fósseis e processa petroleiras!

Nova York planeja desinvestir US $ 5 bilhões dos combustíveis fósseis e processar empresas petrolíferas

Prefeito Bill de Blasio: "Cabe às empresas de combustíveis fósseis, cuja ganância nos colocou nesta posição, arcar com o custo de tornar Nova York mais segura e mais resiliente"

Copo "meio cheio" não salva uma casa em chamas

Alok Sharma, presidente da COP26, teve de conter as lágrimas no anúncio do texto final da Conferência, com recuo em tópicos essenciais "...

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